Paledriver

Livro | David Copperfield | 1850 | Charles Dickens

Um romance gigantesco. Em tamanho físico, claro, mas também em tamanho histórico. Arquétipo do bildungsroman inglês vitoriano, influenciando tudo que veio depois. Vi muitos grandes nomes da literatura mundial falando desse livro, e agora que li entendi a razão.

Dickens conduz um livro de mil páginas com um estilo firme, leve, divertido. Fácil de seguir, principalmente pela grande habilidade deles: criar cenas e personagens.

A trama não é uma preocupação, claramente. Pontas são resolvidas com coincidências desavergonhadas, diálogos estão à serviço da caricatura e do humor.

E daí? Se ele consegue criar cenas como a da Tempestade, como a da fuga para a casa da tia ou como a do quase suicídio da prostituta? Se ele desfila literalmente dezenas de personagens, iluminando personalidades que rapidamente se tonam marcantes?

É assim que Dickens escolher contar essa história, realismo duro e crítica social na Inglaterra vitoriana formando o cenário para movimentos de pessoas de traços exagerados. O resumo definitivo do estilo vem de Virginia Woolf: "Dickens fez seus livros se inflamarem, não apertando a trama ou afiando a fala, mas atirando um punhado de gente ao fogo".