Paledriver

Game | Immortality | 2022 | Sam Barlow

Eu fui para esse jogo um pouco ressabiado. O conheci por conta dos prêmios e por um comentário a respeito do jogo: uma mistura de Twin Peaks com Ivan Mizanzuk. Como eu gosto muito de ambos, tive certeza que deveria jogar.

O ponto é que a jogabilidade é bem diferente do normal. O autor, que me foge agora o nome, gosta do estilo full motion video, ou seja, são filmes de fato, e você interage com as cenas. No caso de Immortality, o argumento é bem legal: Uma atriz fez um filme nos anos 60, que apesar de finalizado não foi lançado. Em sequência, passa a gravar um filme sendo, além de atriz, também a roteirista, junto do diretor de fotografia do filme anterior. Porém, um dos atores morre durante a filmagem e tudo é interrompido. Ela fica fora do radar por 20 anos e reaparece para um terceiro filme, que também é interrompido durante as gravações e ela então desaparece para sempre. Curiosamente, a heroína parece tão jovem nos anos 90 quanto nas imagens dos anos 60. Fãs acham as fitas dos filmes e você pode investigá-las para entender o que raios aconteceu com Marissa, a protagonista.

Ótimo, mas como jogar isso? Eu achei que poderia ser um pouco melhor o formato inicial para que pegasse o jeito. Não achei tão óbvio. A liberação de novos frames era feita a partir do zoom de partes específicas de frames que estava assistindo. E vai investigando. Fica mais bacana quando você pega a parte Twin Peaks, ou seja, começa a rebobinar as fitas com calma, de ponta a ponta dos frames. Bom, aí é que você percebe que tem algo por trás, como a lenda do disco da Xuxa ao contrário.

E aí você avança e o segredo é uma viagem enorme sobrenatural, que é até bonita, mas acho que eu iria preferir se fosse uma simulação de true crime bastante humana. Fica um pouco repetitiva essa dinâmica, então o jogo perde um pouco de ponto comigo. De toda forma, é bem assustador em alguns momentos e surpreendente, então mereceu os prêmios. O frame em que o ser mágico principal é queimado para sumir de vez e que, sugere-se, ela se aproxima da câmera e toma o corpo do jogador, o nosso, é bem bacana.