Livro | O Gigante Enterrado | 2015 | Kazuo Ishiguro
Livro emprestado pelo meu amigo Y., vou colocar aqui as avaliações que fizemos em nossa conversa pelo zap:
T - Terminei o Gigante enterrado essa madrugada. Muito interessante como o Ishiguro é versatil ne? O cara escreveu uma fabula, manipulando uma linguagem típica de contos infantis, pra trazer uma mensagem metaforizada triste, profunda, bonita. Eu terminei tristissimo com o barqueiro separando o Axl e Beatrice, triste com o retorno da memoria coletiva trazendo o massacre (que de fato empurrou todos os bretoes pro oeste, criando as nacoes de Gales, Escocia e Irlanda ate hj apenas parcialmente independentes, enquanto os anglo-saxoes dominaram a ilha principal). A escolha por uma dragoa nao assustadora, a escolha por fazer o capítulo final em primeira pessoa com o eu-lirico do barqueiro, que nao tinhamos visto antes. Alias, a própria variação de perspectivas é contrastante, pq é uma tecnica moderna em um romance cavalheresco. Livraço mesmo Y - Achei o melhor livro que li no ano passado. E li recentemente que o Del Toro está trabalhando em uma animação para este livro... fiquei animado com a noticia Confesso que tive que ler o último capítulo 2 vezes pra entender melhor... fiquei meio perdido com a primeira pessoa... mas achei genial e de uma sensibilidade incrível T - Nossa, lindo. O itamar vieira jr tenta algo parecido no final do Torto Arado, dando o ultimo capitulo pra entidade, que nao havia falado antes por si. E é bem bonito, mas a linguagem nao ficou tao interessante Y - Ficar triste com a volta da memória coletiva é algo tão triste, não? Dualidade foda do livro. Você torce pra não voltar, mas sabe que é o certo T - Sim, pq senao a gnt tem q defender anistia, apagamento, o "esquece essa porra". Mas se vc fizer isso, o mundo perde lastro, mas o genial foi ele resolver isso nao por uma correção moral, ativista politica, mas sim pelo amor. Sim, ela foi infiel, nosso filho morreu. Mas mesmo assim eu quero lembrar e continuar amando. Isso aí é muito forte Y - Muito. A parte do rio me deu muita agonia