Paledriver

Livro | Palmeiras Selvagens | 1939 | William Faulkner

Não me pegou muito. A noveleta O Velho eu curti, Palmeiras Selvagens um pouco menos, achei o casal fraco, ainda que a parte na mina tenha sido interessante. Mas são histórias que só se tocam no plano do simbolico, nas ideias gerais de liberdade, prisão e agência. A relação entre livre arbitrio e destino se da na expressão simbolica desses três elementos. Vou tentar descrever para ver se eu mesmo entendo melhor: Em Palmeiras Selvagens um homem é livre em uma vida sem paixões, sem agência. Se apaixona por uma mulher por obra do destino, uma mulher que defende a agência total, entende que não tem escolha diante disso, que é uma condenação, como era sua vida na medicina, e apenas vai, sem agência. Então ele é um homem fisicamente livre mas aprisionado pelo destino, sem agência sobre sua própria vida, e o fenômeno "mulher" o arrasta até ele ficar preso fisicamente. Recusa toda e qualquer oportunidade de voltar a ser livre fisicamente, porque se sente sem agência, sua prisão é mental; Em O Velho, um homem é preso após tentar mudar o próprio destino de forma idiota, ele busca tem agência. Preso conformado, pois aceita sua responsabilidade. Então ele é um homem fisicamente preso, quando o fenômeno "inundação histórica" o arrasta até ele ficar livre fisicamente. Mas ele recusa toda e qualquer oportunidade de se manter livre fisicamente, porque se sente com agência, responsável por si e pelas missões que assumiu, inclusive uma mulher e seu bebê (responsabilidade que o outro protagonista também teve e só fez cagada), sua liberdade é mental.

Acho que é isso. Uma parabóla e uma tragédia. A ideia é boa, mas ele não está em tão boa forma escrevendo aqui quanto em Som e Furia. Ele circula muito nas metáforas, no simbólico, em alguns pontos fica até meio forçado, ainda que em outros pontos ele vá na mosca e construa imagens belissimas.