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Livro | Torto Arado | 2019 | Itamar Vieira Júnior

Livraço. Dividido em 3 atos, os dois primeiros remetem diretamente a Cem Anos de Solidão. Porém, talvez por falar do Brasil (e mais propriamente da história do interior da Bahia) tenha me atingido muito mais. Ainda assim, faltava algo. Não sei se a magia que o Gabo levou, ou se o passar dos "cem anos" basicamente a partir de dois únicos pontos de vista, mas faltava algo.

No terceiro ato, não faltou mais. O novo ponto de vista, com a mudança de linguagem e a variação de estilo elevou com força o patamar da obra. Veio o metafísico, veio o clímax, a redenção, a poesia, a "grande cena", aquelas que depois de ler você se pega imaginando como seria uma pintura dela, um filmagem.

A tudo isso se soma a beleza poética da metáfora eliciada pela ideia de um arado torto, criando caminhos tortos na terra onde as sementes são plantadas.

O gigantesco crime que foi a colonização europeia nas terras do "novo mundo". Que violência inigualável. Que herança monstruosa envenena nossa sociedade. Esse projeto chamado Brasil me entristece em sua inescapável maldade, ao saber o tanto de História que há na obra do acadêmico Itamar Vieira Júnior