Paledriver

Livro | Um Estranho No Ninho | 1962 | Ken Kesey

Cheguei nesse livro buscando obras escritas em primeira pessoa. Mais, queria em primeira pessoa e no tempo presente. Uma curiosidade intelectual que eu tinha sobre a condução desse tipo de escrita.

O livro é sim todo em primeira pessoa, mas nem sempre no presente. O narrador conta fatos do passado flexionando os verbos no presente, especialmente antes de ser liberto pelo exemplo de McMurphy, "o não louco" que é enviado ao hospício. Depois, conforme vai voltando a tomar as rédeas de sua própria vida, começa a flexionar no passado.

O livro é bom, navegando sempre perigosamente entre o clichê motivacional e uma boa e contundente denúncia ao paradigma psiquiátrico. Eu acho que Kesey se segura bem essa corda bamba, especialmente com o final, tocante e forte. A história tem uma moral e ela é colocada de forma cristalina, uma parábola bem escrita.

Eu gostei, apesar da força existencial que motiva os personagens ser apresentada de forma superficial, eu fechei o livro com uma sensação de "carpem diem", de fazer a vida valer a pena, potencializada pela tristeza adjacente pela injustiça que encerra o clímax